O Brilho da Ciranda!

O Brilho da Ciranda!

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

A Parada de risco...


.. continuação caros leitores!
Não são tantas as palavras para você entender, mas não precisa afinal quem anda naqueles trilhos sou eu apenas, no máximo você está entre umas das plataformas!

... Era tudo Novo, meus pés afundaram e paralisaram em meio aos trilhos todos enferrujados, e apenas dois sons, o do vento que soprava calmo a me acompanhar, e das pedrinhas que eram atiradas por aquele ser sentado com as pernas juntas ao queixo, se o fizesse deitar a posição era fetal, mas ele já era grande.
Não olhava para os lado.. não fazia nenhuma gesto a não ser o arremesso... Eu estava louca a chamar-lhe a atenção,  chutei as pedrinhas, nada, passei em frente a ele indo e voltando, nada, comecei a cantar em voz alta, a canção de Jeff Buckley, nada novamente, resolvi que valia a a pena subir a plataforma nessa parada, e desvendar meu menino mistério, subi devagar e fui me aproximando, ele me irritava, com aquela calma e falta de curiosidade, e a minha apenas aumentava, sentei-me ao lado, na mesma posição deixando entre nós apenas o monte de pedrinhas amontoadas por aqueles dedos, senti o cheiro do perfume de sua pele, nesse momento eu já estava a sorrir, me sentia feliz, mas não completa, sussurrei "Assim quieto e inocente, um artista se aconchega para meu canto" ... olhei para o horizonte o por-do-Sol, querendo tomar conta de minha vista, aquele tom alaranjado que eu gostaria de enxergar do espelho dos olhos dele, até a escuridão o silêncio tomou conta, minha esperança já não havia, até que nada podia me completar mais naquele momento do que estava prestes a acontecer, ele esticou as pernas para frente, eu o imitei, pois as mãos a cima dos joelhos, eu continuei a imitar, e olhando para  o horizonte ouço o som do riso mais gostoso, desvio o meu olhar para meu mistério, ele olha em meus olhos me corroendo as entranhas, deixando me faltar o ar, me sentia vermelha, quente, suando, meus olhos era assustados, e o sorriso dele me gelava a espinha, suas palavras foram "Sua inocência a levará longe pequeno amor, mas esqueça de minha face se queres ser feliz." ...
.. Não me lembro mais de seu rosto, mas lembro-me de não ter achado o meu grande amor físicamente belo!
.. Mas me lembro até hoje de amar o mais belo feio físicamente!
Pois agora, no andar da carruagem, depois que o novo perdeu a magia da novidade, resta ver, no balanço das almas, o que restou no balaio.

Me deixou espantada!

7 comentários:

  1. Ta inspirada! Adorei a postagem!
    "Eu estava louca a chamar-lhe a atenção" (:

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  2. Wow Jeff Buckley!
    Recordando o final do post anterior:
    "Até agora a que me deixou mais espantada, e digamos assim.. com mais medo, foi ........ "
    E agora com minha curiosidade parcialmente saciada, questiono:
    Por que tanto medo?
    ......
    Cara escritora,
    Que mistério e até uma pitada de tristeza neste relato...
    Penso que estas estações nos trarão muitas surpresas ainda!
    Senti um gosto amargo na boca ao ler:
    "Sua inocência a levará longe pequeno amor, mas esqueça de minha face se queres ser feliz." ...
    Quanta petulância deste garoto, como saberia ele (um simples mortal) o que o amanhã traria (se felicidade ou não)?
    Atrevo-me a dizer que talvez medo maior fosse o dele...creio também, que faltou coragem a esta menina (a viajante dos trilhos), talvez o orgulho a fez consentir sem pestanejar com os dizeres do menino mistério.Perdendo talvez muitas histórias...
    Drama!!

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  3. "...ele olha em meus olhos me corroendo as entranhas, deixando me faltar o ar, me sentia vermelha, quente, suando, meus olhos era assustados, e o sorriso dele me gelava a espinha..."
    Riqueza em detalhes sempre!
    Parabéns pequena escritora!
    Bjoooo

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Estou assustado!

    Sempre ha novidade.... não se pode conhecer o outro em sua totalidade e logo resurge as novidades...

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  6. A Densidade sempre foi, das propriedades fisico-químicas, a minha predileta...
    Uma vez que a encontro em outros reinos encantados...

    Apesar de que trilhos e pés nem sempre possam ser separados, pensa-se que o caminho é caminhado, quando pode, este, caminhar pelas solas de pés parados... parados onde? ou estão caminhando por trilhos de uma estação já inativa? Não se passa, há muito tempo, um trem ali... Mas certamente conduz para algum lugar...
    "Era tudo novo"... Era mesmo? ou o que se via, agora, era fruto de um olhar que apesar de caro e já bem maduro, nunca deixou de ser semente em sua preciosa inocência? quem saberia dizer neh... talvez seja melhor que tais dissecações do cogito nunca sejam postas nas lâminas, cristalinas e transparentes da consciência, pois, mesmo de ferindo, enquanto no inconsciente, elas não cortam fatalmente a razão, ainda que pouca...
    Ainda que tudo já se saiba, há o mistério... o mistério de pensar em como seria se não se soubesse de algo... e quando a névoa se faz completa, do contrário, quer se fazer campreensão, desvelar seja lá o que for e amortecer a noite profunda que não amaanhece...

    E, por mais espanto que se tenha com o que se ama, que se acha acolhido mesmo que na lembrança, nem ela nem seu amor desceram da carruagem, o que, portanto, é belo, muito belo, apesar de um feio amor...

    La ;)

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  7. Leio e releio, entendo não entendo, não vou apontar apenas uma das mil coisas que pensei enquanto lia.Vou falar simplesmente algo que é muito facil de perceber,o modo no qual você escreve nos prende de tal maneira,que queremos saber sempre oque esta por vir, fico inquieto até ler a ultima palavra,e preso nas imagens que essas palavras trazem!....rs acho que ja descobri minha fonte de fortuna kkk só precisamos investir!!! continue, continue sempre a escrever meu amooooor

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